Ontem, visitei Itaboraí.
Os problemas lá estão muito ligados agora à construção de uma grande empresa petroquímica. No passado, a cidade exportava muito pelo Porto das Caixas. Uma estrada substituiu o porto e Itaboraí entrou em decadência. Pode florescer de novo com o petróleo, mas o petróleo também é passageiro.
Lembrei da famosa laranja de Itaboraí. Era famosa aqui no Rio e em outros mercados consumidores do Brasil. O mercado cresceu mas a laranja de Itaboraí quase que desapareceu. Uma pena. Ao sair do hotel Pedra Bonita, onde aconteceu nosso debate, pensei na situação especial do Estado do Rio.
Nossa região metropolitana é o segundo mercado urbano do Brasil. E nossa agricultura tem um peso ínfimo na economia, apenas um por cento. Muitos se conformam com isso, afinal, com quase 43 mil km2, o Estado do Rio é um dos menores do Brasil. Teoricamente não há terras. Israel é um país pequeno, no entanto produz inúmeras frutas para a Europa. O Rio terá Olimpíadas e Copa do Mundo. O mercado, portanto, tende a ampliar.
Se soubermos explorar um nicho na agricultura, usando os recursos científicos disponíveis, poderíamos voltar a ocupar um grande espaço no mercado metropolitano e, quem sabe, até exportar. Daí meu apoio à escola de agricultura orgânica em Paulo de Frontin. E o apoio à uma agencia que articule todos os órgãos de pesquisa em agricultura para buscar uma saída para o setor no Rio, a partir de nossa realidade territorial.
Isso foi apenas um pequeno tema em nosso encontro, pois a questão do transporte coletivo, o grande drama metropolitano, ocupou o principal espaço. O Rio não pode se resignar a uma posição tão modesta na agricultura.
Comment
Me lembro bem da laranja de Itaboraí e não a vemos mais no mercado.
Quanto a dar uma atenção especial a produção agrícola da região serrana, notadamente Nova Friburgo, Teresópolis e seus distritos, realmente é uma coisa que precisa ser carinhosa e cuidadosamente incentivada.
Somente a região serrana do estado, conhecida como “cinturão verde” responde por 70% da produção interna de verduras, legumes e frutas. A cidade do Rio de Janeiro é abastecida pela verdura serrana. Os produtores orgânicos então, estão buscando diversificar a produção com espécies exóticas (variedades de alface e couve, tomate-cereja, etc.) buscando higienizar, e acondicionar os produtos em embalagens especiais e prontas para o consumo que podem ser encontradas nos grandes super mercados da capital.
Juntas, as regiões Serrana e Metropolitana do Estado, são os locais de maior concentração da produção de hortaliças e que congregam a maioria dos produtores credenciados na produção orgânica, são responsáveis pela comercialização de cerca de 390 t de alimentos orgânicos in natura por ano no Estado.
Sou carioca mas freqüento a região serrana desde que nasci e sei da luta que os pequenos agricultores, que são a grande maioria na região, com a chamada agricultura familiar.
Povo forte e perseverante, na maioria descendentes de imigrantes europeus, cultivam a terra com amor e afinco e se reúnem em pequenas cooperativas para escoarem suas produções. Mas há muito, muito o que fazer por lá!
Fico feliz em ve-lo preocupado com os rumos e atento às possibilidades que são grandes sim, do cinturão verde serrano.
Abraços