O que aconteceu na Venezuela, embora ignorado por dois dos três jornais nacionais, é uma das notícias mais importantes do continente. Chávez promoveu o general Henry Rangel Silva, acusado de cumplicidade com o tráfico de drogas. E o promoveu por causa de uma acusação mais grave ainda: a de antecipar ameaça de um golpe militar.
A recente confusão em torno de Henry nasceu de sua frase afirmando que o Exército e o povo não vão aceitar uma vitória eleitoral da oposição, daqui a dois anos. Imediatamente, a OEA protestou e pediu aos países do continente que também o fizessem.
Henry não disse apenas isso. Foi mais longe, afirmando que a sorte do Exército está associada ao governo Chávez, retirando da instituição sua condição, essencial numa democracia, de órgão fiel ao estado e à constituição.
Chávez fez um discurso irônico, chamando José Miguel Insulza, Secretário Geral da OEA, de insosso, criticando-o por interferir nos negócios internos do pais. Quando a democracia está ameaçada pela direita, a OEA é pressionado a se mover; quando é ameaçada pela esquerda, sua interferência é considerada ilegítima.
Segundo as Farc, Dilma terá importante papel na paz regional. Mas a verdadeira paz regional, antítese do discurso terrorista, se constrói a cada momento, em cada situação, como esta criada pelo governo da Venezuela. Se os países não estiverem juntos com a OEA, o processo de esvaziamento da entidade será cada vez maior. Isto é até secundário, diante da nova e confessada limitação da Venezuela: as eleições serão tranquilas em caso de vitória de Chávez ; resultarão num golpe, com apoio das milícias populares, em caso de vitória da oposição.
Onde estamos? Na America do Sul cujo processo de restrição à liberdade de imprensa já existe em alguns países, como a própria Venezuela. Agora, entraremos na fase de eleições com vencedor antecipado
Vamos ver o que é possível fazer na Comissão de Relações Exteriores, pressionando o Brasil a dizer alguma coisa, nesta crise entre OEA e Venezuela, na verdade uma crise da democracia. Mas é preciso que o tema ganhe também a grande imprensa nacional.
4 Comments
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Caro Gabeira,
mais uma vez uma análise objetiva, clara e precisa.
Sem dúvida a situação é muito grave e o Brasil tem q se posicionar e mais que isso: a impensa, os telejornais e até mesmo programas mais populares ( no estilo do Globo Reporter da Globo ou outros de outras emissoras), devem divulgar e explicar de forma bem clara, num linguajar acessível a todos.
Poderiam fazer Palestras nas Universidades explicando a atual situação da Venezuela, da America do Sul e o Brasil nesse balaio de gatos. Isso deve ser feito logo, de modo a não se visto como jogada de campanha eleitoral e busca de votos, mas sim uma preocupação com o mundo e em particular como o BRASIL.
O web é sem dúvida é uma ferramenta fantástica, mas o pessoal mais novo (de 16 aos vinte e poucos anos), a usam muito mais para entretenimento ou trabalhos acadêmicos, do que como fonte de informação do que está acontecendo no dia a dia do mundo, e no Brasil.
43 ABRAÇOS!
Gilda – RJ
E o Índio da Costa tinha razão, não é? Acho que todos nós estamos conscientes do que virá pela frente.
O Governo brasileiro nao se posiciona pois nao se difere tanto.
Tivemos aqui no Rio um governador reeleito em 1o turno com + de 60%
e uma presidente que na minha opiniao perderia para Marina, Serra, Cristovao Buarque.
Mas a capitao do time de Erenice, Ze dirceu e cia ganhaou a eleiçao pois contava com o apoio de Lula.
O Lula e o Cahves nao sao ruins nao, eles ajudam os pobres, fazem obras, empregos…
Mas tiram o poder de decisao, a informaçao, aos poucos nos vemos presos na teia do poder.
Quem vai fiscalizar as obras, as verbas, as leis, indicaçies a cargos publicos….
ISSO NAO EH DEMOCRACIA.