Quente, quente, o verão será quente

Existem dois tipos de sobressaltos, entre as dezenas que vamos enfrentar. Um deles é a revelação de coisas que foram escondidas, para evitar repercussão eleitoral negativa. Saltou na frente a decisão de recolocar em votação a CPMF. Mas, logo em seguida, veio a decisão de financiar o trem-bala com 25 bilhoes de dinheiro público. A Folha de ontem afirma que seriam necessários 21 bilhões anuais para erradicar a pobreza.

Mas o principal susto aconteceu com a revelação da fraude no Banco Panamericano. O Banco Central já desconfiava, Silvio Santos visitou Lula, e segundo os dois não se comentou o assunto, e o próprio Lula vetou emenda que controlava as compras da Caixa Econômica. Para ir às compras, a Caixa precisava de autorização do Congresso. Nesse caminho de sobressaltos, não se discutiu um pouco melhor o financiamento de carros. Alguns bancos oferecem até 84 prestações. Não há perigo de bolha explodindo nesse campo? Vamos ter que examinar. Os norte-americanos tiveram sua experiência explosiva com o mercado imobiliário.

Mas os sobressaltos de segundo tipo virão com a disputa pelos ministérios e cargos estratégicos do governo. Dificilmente as forças em presença não se aproximarão da imprensa para derrubar adversários com denúncias e dossiês. Já caiu uma advogada envolvida no caso dos sanguessugas, agora começam a aparecer reportagens sobre futuros prováveis chefes da Casa Civil.

Os franceses costumam iniciar as manifestações de meio de ano com esse grito: quente, quente, o verão será quente. Tudo indica que o verão será quente por aqui e esse calor não será medido apenas pelos termômetros.