A visita à Maré teve duas etapas. A primeira ao Parque União, onde constatamos que o grande problema de sempre continua presente: a falta de saneamento básico. O pouco que é realizado ali só é feito a partir do esforço da própria comunidade, que reuniu R$ 140 mil e está pagando aos trabalhadores que residem na Maré para ajudar neste mutirão.
É uma pena que os governos tenham abandonado a comunidade, que exibe uma disposição quase heróica para realizar este trabalho, porque ela não tem condições de realizá-lo com as condições técnicas – e a extensão – de que ele necessita.
Um outro problema é a falta de ensino médio: existe apenas um CIEP para quatorze escolas básicas, o que representa um funil, já que as crianças saem da escola básica mas não encontram na Maré a possibilidade de continuar os seus estudos.
Apesar dos problemas, a comunidade também tem uma coisa muito interessante que nós visitamos: o Museu da Maré, que conta a história da comunidade através de fotografias com imagens da região e das palafitas, precursoras das atuais casas de alvenaria. Ele também tem um barraco daquele período, com todos os objetos de época, em um trabalho de reconstituição que contou com a colaboração dos moradores.
Há também várias salas especiais, como a dos Brinquedos, a da Fé (que reúne expressões religiosas de várias denominações) e a Sala do Medo, mostrando como evoluiu este sentimento na Maré: dos escuro, dos bichos, dos ratos, até os dias de hoje, onde o grande medo é o da bala perdida. Há uma homenagem especial a um garoto chamado Mateus, que em 2008 morreu atingido por uma bala perdida.
Nossa visita serviu para ver de perto não só os problemas da comunidade, mas também a força e a identidade cultural da Maré.
8 Comments
Cuidado Gabeira. O Cabral se interessa pouco pela luta de nossas gentes, mas perguntará a vc se a Maré fica na Zona Norte, Sul, Oeste, Leopoldina, etc. Ele adora Pontos Cardeais.
Na verdade, a Maré teve três fases de ocupação. A parte com entrada pela Brigadeiro Trompowsky, é das mais recentes, quando inclusive veio a avançar com o aterro da Linha Vermelha. A parte voltada para a avenida Brasil é melhor arrumada, não sendo sequer problema a rede de serviços públicos básicos, mas há problemas nos lotes voltados para a Linha Vermelha, que inclusive, pelo aspecto, o poder público preferiu se valer de placas acústicas bem opacas para encobrir a visão de quem passa por lá… O poder público parece ter desistido do local…
Eu não me impressiono mais com a criatividade, das pessoas para superar os obstáculos e sem ajuda na grande maioria das vezes das autoridades, e mais tudo com um bom humor de dar inveja a quem não passa 1/10 do que eles estão dispostos no dia a dia.
Parabéns Gabeira, continue mostrando as soluções simples para os problemas de décadas e mais ainda as coisas boas desse povo.
[…] This post was mentioned on Twitter by Guilherme Werneck, Juventude Verde RJ, Dr. Aluizio Jr., MarcosVallério, Eleições 2010 and others. Eleições 2010 said: RT @gabeiracombr: GABEIRA 43: Os problemas e a força da Maré http://bit.ly/avpmZG […]
Caro amigo Gabeira, vc precisa fazer uma visita ao morro do Bumba e a comunidade Vila Ipiranga em Niterói, onde as obras do PAC é um desastre…..
[…] duas visitas a comunidades onde se ressaltou a questão fundamental do saneamento básico. Na Maré e na Mangueira ouvimos muitas reclamações sobre a falta de saneamento. No caso da Maré, o […]
[…] duas visitas a comunidades onde se ressaltou a questão fundamental do saneamento básico. Na Maré e na Mangueira ouvimos muitas reclamações sobre a falta de saneamento. No caso da Maré, o […]
Sou morador da Maré, e fico feliz d saber que uma pessoa vai realmente olhar para nossa comunidade. Muitas vezes, perdemos jovens para o tráfico por falta de oportunidade, cursos profissionalizantes, estudo adequado, ocupação devida do tempo extra escolar. A Maré precisa de alguém competente e honesto para lidar com os problemas da comunidade. Esse alguém é o Gabeira. Eu voto certo, pela minha comunidade eu voto Gabeira.!