Antes que você se dê conta dele, o Natal aparece no seu caminho matinal. No meu foi assim: primeiro a árvore da Lagoa, depois o presépio.
Bem que desconfiava de algo quando vi algumas caixas imensas com o laço vermelho. Estavam vazias. Que presentes trouxeram?
De repente, no sol a pino, um presépio. Imagino que as figuras tenham saído daquelas caixas, com suas roupas pesadas e pedras cintilantes.
O camelo parecia estar mais à vontade no clima. Sou fascinado com esses bichos criados pela artesãos. O elefante de escola de samba é perfeito. Descobri isto ao fotografar um incêndio num barracão. O elefante sobreviveu.
A árvore de Natal tanto aqui como na avenida Paulista contribui para deter o trânsito. Mas o que fazer? Já é dezembro, tem chovido, nada está fluindo como no meio do ano. Na Lagoa, ela alegra as famílias e mobiliza um verdadeiro batalhão de pipoqueiros.
Registro aqui o presente de Natal que a pesquisa de ontem do Ibope representou para o governo. A popularidade de Dilma está nas alturas.
Tenho hoje uma visão de que a atual composição de governo conseguirá o apoio da população por muitos anos, sobretudo dos setores mais pobres.
Analogias são imperfeitas, reconheço. Mas acontece no Brasil um encontro do povo com um tipo de governo, parecido com a trajetória da social democracia em alguns países europeus, no pós guerra.
A liderança em época de crescimento econômico mas, sobretudo, de distribuição de renda, estabelece um vinculo que dura muitos anos. E não se abala tanto com episódios como os escândalos de corrupção.
Reconhecer isto, não significa concordar com o governo ou fechar os olhos para seus erros. Cerca de um quarto da população não o aprova.
Mas a realidade é que a grande maioria o considera bom e ótimo. Todo esse alvoroço em torno do desvio de verbas, ou mesmo da ineficácia do governo em algumas áreas, tem um sentido para quem quer melhorar as coisas.
Mas não altera no momento a simpatia das grandes massas. Muita gente a atribuía apenas ao carisma de Lula. Ele contribui muito para fixar a ideia de que o governo é dos pobres e a oposição representa os ricos.
No Natal de 1968, distribuíamos panfletos contra o Ai-5 e não entendíamos a indiferença das pessoas. Ignorávamos o peso do Natal na vida das famílias.
Hoje pelo menos, em circunstâncias diferentes, com a presença da democracia, escrevo sobre o Natal e reconheço o potencial de longevidade do governo.
Atravessar o deserto não é novidade para mim. Difícil é evitar miragens ao longo do caminho.




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