Num domingo não deveria falar de remédios e oxigênio. Mas como estão sendo discutidos em toda a parte, não posso fugir deles.
O Itamaraty mandou uma carta aos embaixadores pedindo que consigam o chamado kit-intubação. São sedativos e relaxantes musculares indispensáveis a esse tratamento radical.
Leio numa reportagem do UOL que os relaxantes musculares não só desapareceram do mercado como tiveram seu preço aumentado de forma gigantesca. Uma ampola que custava R$2 há um ano, está custando R$200 hoje.
Espero que os diplomatas tenham êxito, mas reafirmo o que disse antes: isso não se faz do dia para a noite, sobretudo quando os estoques já estão acabando.
Sobre remédios e vacinas li uma interessante reportagem de capa no jornal L’Humanité. A matéria demonstra como os grandes laboratórios estão ganhando uma fortuna, mas todos foram financiados com dinheiro público para produzir sua vacina. Empresas como a Moderna multiplicaram seus negócios, a Pfizer já conta com um lucro de mais de US$4 bilhões.
Para se ter uma ideia de como é bom negócio vender em tempo hábil seu produto para Israel, a Pfizer cobrou euros por dose de vacina, o que equivale a um pouco mais de R$300 por dose.
Interessante também na matéria é como avalia a falta de um debate sobre os preços de remédios. Pensei muito nisso quando se aprovou o Redemsivir no Brasil. Vai custar $20 mil reais.
Tudo isso me faz refletir sobre a proposta da Índia e África do Sul para quebrar, em caso de emergência, a patente das vacinas.
Não sei se todos os países do Sul teriam condições de produzi-la. Mas foi esse o caminho que acabamos trilhando na epidemia de AIDS,
Continuarei pesquisando e voltarei ao tema. Como é um domingo de sol prossigo nas leituras da semana e concluo o exame dos jornais do mundo. Felizmente tenho um amigo que me envia alguns deles e, sobretudo nos domingos, tenho um banquete de informação.
Amanhã é segunda, parte dessa folga vai acabar. Estão falando em fechar tudo no Rio. Hoje foi publicada uma carta de economistas sugerindo uma série de medidas no combate à pandemia. Forma-se cada vez mais uma espécie de consenso nacional sobre a incompetência de Bolsonaro. Aliás esse é o tema do meu artigo de amanhã no Globo.