Os jornais de hoje desmentem o que eles próprios disserem há alguns dias: o Exército não vai permanecer sete meses no Complexo do Alemão, como se estivesse numa operação no Haiti. Tanto Lula como o Ministro Jobim afirmam que não dá para marcar prazos e as tropas sairão assim que as condições permitirem.
Isto não significa que as tropas sairão agora. Devem permanecer, prontas para voltarem aos quartéis.
Tudo isto está ligado também às Olimpíadas. Em termos numéricos, o Alemão está ocupando tantos soldados quanto os que estão nas 12 UPPs. O Rio tem condições, com a ajuda do Exército, de criar um cinturão de segurança em torno da área utilizada pela Olimpíada. Isto seria muito bom para nossa reputação. Mas tem suas desvantagens.
Volto ao velho tema da campanha eleitoral: mesmo com a ajuda do Exército, o cobertor é curto. Não temos apenas duas comunidades, como o Haiti, onde o Exército ocupa Bel-Air e Cité Soleil. Temos quase mil, e além disso a Baixada Fluminense e cidades médias do interior.
É preciso discutir o projeto de segurança das Olimpíadas e o projeto de segurança das pessoas que pagam imposto em todo o Estado. E é preciso também rediscutir o terrorismo. Não é mais uma atividade com lances de romantismo, como no princípio do Século XX. Os personagens de Camus, em ‘Os Justos’ desistiam de jogar bombas na carruagem porque havia crianças viajando nela. O tamanho da diferença pode ser medido pela altura das Torres Gêmeas. Não só é preciso de uma lei antiterrorista como é preciso acionar toda a ajuda mundial para garantir a segurança adequada nas Olimpíadas.
Voltarei ao assunto nos próximos dias. O fato de Exército ter anunciado uma permanência longa e agora ter voltado atrás já indica alguma divergência sobre o que fazer. A ocupação do Complexo do Alemão foi realizada por força das circunstâncias, sem um planejamento adequado. Quando os holofotes forem desligados, vamos saber exatamente que tipo de política nos espera para os próximos meses.
9 Comments
Ao se apagarem os holofotes ,só não pode acontecer de se abandonar aquela população a própria sorte. Seria um crime de lesa-pátria, imperdoável!
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Sou carioca e agente de viagens, mas atualmente vivo no interior de SP, e contra alguns, afirmo, o Rio de Janeiro, está no imaginário dos brasileiros e quiçá do mundo, a cidade e o estado são o maior e mais completo destino turístico do hemisfério, e vejo o Rio de Janeiro toldado por interesses que levam sempre na direção contrária, não se acabam com as favelas por interesse eleitoral fisiológico e demagogo, vão investir em corredor de ônibus ligando a Barra mais para oeste, quando, como no mundo todo, se investe em trens e metrôs, o Rio e Brasil ainda investem em ônibus, mostrando que a cidade e o estado estão cabresto dos empresários, a margem da avenida Brasil caberiam todas as favelas em conjuntos habitacionais a exemplo dos IAPs, que ainda existem e foram a formação de patrimônio familiares, mas com escolas e outros serviços, e necessitaria de um transporte adequado, que não fosse ônibus, assim, destruiria a justificativa dos favelados de morarem perto do trabalho, e a demoliçao das favelas incapacitaria a organização dos traficantes, pois não teriam a massa de manobra e o esconderijo ideal de que precisam.
Cade o ouro Gabeira? quem vai dar conta da fuga dos chefes do trafico?
Infelizmente, ainda estamos no tempo em que o grupo governante é quem decide para onde vai apontar os holofotes, segundo, é claro, seus interesses. Será que evoluiremos a ponto de um dia a sociedade poder interferir de alguma forma nesse processo ? Ou será que outro grupo governante teria atitude diferente do atual ?
Bem, levando aqui uma hipótese que já explorei em discussões privadas: Será que esta ocupação no Alemão aconteceria se a mídia não tivesse mostrando centenas de bandidos (provavelmente com moradores no meio servindo de escudo humano) fugindo da Vila Cruzeiro para o complexo do Alemão???
De nada irá adiantar uma ocupação emergencial, sem o devido planejamento, se não houver uma intervenção de serviços públicos! Fala-se em gastar milhões para se urbanizar a Vila Cruzeiro e o Alemão, porém, pouco se fala em realmente atacar o problema: que é a remoção da população em áreas de risco e sua devida realocação. Sem transporte eficiente, acesso à saúde de forma digna, empregos e geração de renda, capacitação profissional e educação de qualidade nunca nos livraremos das mazelas sociais causadas pela falta de planejamento urbano e por políticas populistas, eleitoreiras e a corrupção que causam tais mazelas. É muito fácil dar uma mesada de 100 reais fantasiando a distribuição de renda e igualdade social quando a carga tributária obriga as classes menos favorecidas a trabalhar quase que 5meses no ano para apenas pagar impostos. E impostos, estes, mal aplicados.
Não sou contra a urbanização de favelas, desde que estas possam, realmente, ser urbanizadas de forma plena. O Alemão, ao menos, é um vale e a maior parte de sua área é própria para construções e uma devida estrutura urbana. Mas no Rio, poucas comunidades estão em terrenos próprios para tal. E de nada adianta remover populações das comunidades nas áreas centrais se estas forem alocadas numa região onde levaram mais de 1h e30min para chegar a seus empregos, para obter educação, saúde, lazer e outros serviços. Em se tratatando de qualidade de vida, é melhor continuar em condições precárias numa favela da Zona Sul, que viver numa moradia adequada na Zona Oeste tendo que acordar antes do amanhecer para trabalhar, rezar para não haver conflito em favelas próximas as vias expressas para poder voltar para casa e ficar sem opções de lazer e sem atendimento médico quando se precisa. Ou seja, não se pode pensar nas comunidades como um local isolado, é preciso pensar na cidade, quiçá, na região metropolitana como um todo. E as políticas públicas não devem e não podem ficar restritas à essas regiões, tem que se pensar no estado como um todo, no país como um todo.
Expulsar, prender e matar traficantes, apesar de tudo, é muito fácil. Mas bandido e criminosos no atual cenário, é que nem biscoito: vai um, vem 18. É preciso atacar o problema de maneira séria. E neste cenário, educação é a palavra chave neste processo. Temos uma oportunidade de investimentos única e não podemos deixar esta chance escapar. Como diria o grande Senador Cristovam Buarque: É preciso uma invasão, sim, mas de educação de qualidade para todos! Somente com o pesado investimento em educação de qualidade, ciência e tecnologia, capacitação profissional e esportes se pode construir uma sociedade desenvolvida.
VALEU RODRIGO VEJO QUE TEM UM PENSSAMENTO BEM PROGRESSISTA ,FALANDO EM VIAS EXPRESSAS CITO A AV.BRASIL PRINCIPALMENTE A REGIÃO DE RAMOS AO CAJU EMPRESAS QUE FALIRAM VIRAM COMGLOMERADOS DE PESSOAS E TODA SORTE DE DOENÇAS INFELIZMENTE NÃO ADIANTA PENSSAR NA CIDADE DE UMA FORMA QUE SÓ A VIOLENCIA É PRIORIDADE A HABITAÇÃO SAUDE EX LICITAÇÕES FRALDULENTAS TRASPORTE PRECARIO MESMO COM A ESPOSA DO GOVERNADOR SENDO PRESTADORA DE SERVIÇOS A EMPRESAS DE TRASPORTE EM MASSA POR OUTRO LADO AS MILICIAS SE FORTALECEM CADA VEZ MAIS ESPRORANDO AS DEFICIENCIAS DO ESTADO .
EU VEJO ESTA SITUAÇÃO COM DUVIDAS A SOLUÇÃO NÃO PASSA POR ESTE ESTARDALHAÇO TIPO SHOW AO VIVO PARA O BRASIL E O MUNDO VAMOS AGURDAR VEREMOS SE ESTA FOI UMA GRANDE VITORIA OU PIROTECNIA EM CONJUNTO.
onde está a recomppensa dos heróis policiais que subiram o morro?
onde está a recompensa dos heróis bombeiros que ajudaram nas enchentes nos morros recentemente?
onde está a vergonha dos manobristas de recursos públicos ?
onde está a votação da pec 300? estão rasgando o regimento interno ao não votá- la!