Longas filas, trem e vans superlotados, a visita ao Cristo foi um dos pontos mais preocupantes no teste do Rio para os grandes eventos.
Fui ver como andam as coisas por lá e, num dia de semana, pareciam bastante normais.
Mas a visita ao Cristo é um passeio espetacular e possivelmente será preciso um esquema especial de organização para atender aos milhares de turistas que escolherão esse programa.
A passagem do trem custa R$46 por uma viagem de 20 minutos. Já é uma forma de limitar pois a lotação é de apenas 65 pessoas por viagem.
Além da paisagem deslumbrante do Rio, a viagem oferece um pedaço da Mata Atlântica e, neste período do ano, muitas nuvens.
No restaurante Corcovado, cercado de nuvens e vendo a paisagem da cidade, com destaque para a Lagoa e o Joquei Clube, as pessoas se sentem no céu. E como dizia Darci Ribeiro, no céu sem ter morrido.
As dificuldades de acesso ao Corcovado, seja pelo trem, seja pelo serviço de vans que sai das Paineiras, podem ser atenuadas com uma boa organização.
A tendência é a de vender ingressos pela internet. Mas nem todos têm acesso. Seria interessante, abrir alguns pontos de venda na cidade, naturalmente conectados entre si para evitar o chamamos vender o mesmo lugar para diferentes pessoas.
No contato com os turistas, percebi que há algo no caminho do Corcovado difícil de explicar: as ruinas do Hotel das Paineiras.
Como é possível, numa cidade construindo hotéis febrilmente para os grandes eventos, deixar que o prédio no caminho do Corcovado caia aos pedaços, sem nenhum projeto de restauração?
Essas coisas me impressionam no Brasil. Somos parecidos com os americanos. Restauramos pouco e queremos sempre construir coisas novas.
Apesar das confusões nas vésperas da abertura do novo Maracanã, a visita ao Corcovado é um programa de nível internacional.
E o preço cobrado pelo trem, por exemplo, é compensado por uma boa estrutura. Há uma grande sala de espera com bandeiras de todos os países, telões exibindo as subidas e descidas, para que o visitante anteveja o espetáculo que o espera. E, naturalmente, alguns pontos com fundos especiais para as fotos de recordação da viagem.
É preciso planejar bem o uso do Corcovado nesses dias que virão.
É um dos pontos mais famosos e fotografados do mundo.
Vai haver uma grande procura. O caminho precisa ser protegido e o excesso de lotação muito bem controlado.
Lembro-me das filas intermináveis num parque dirigido pelo Ibama perto de Alto Paraiso, em Goiás . A frustração dos turistas acaba se tornando uma propaganda negativa.
Uma sugestão seria fazer vendas antecipadas de ingressos, com hora marcada para as viagens. A subida ao Cristo funcionaria como uma peça de teatro em Nova York. Esgotada a lotação com antecedência, as pessoas buscariam outro lugar para conhecer.
É um privilégio viver no Rio e subir ao Cristo no meio da semana: passeio bonito e confortável.
Artigo publicado no jornal Metro, em 10/06/2013