Atmosfera irrespirável da política

O vazamento realizado, mais uma vez, pelo Wikileaks, coloca no ar quase 400 mil arquivos sobre tortura e morte de civis no Iraque.

Segundo esses vazamentos, 109 mil iraquianos, a maioria civis, morreram na guerra, um numero bem maior do que os dados oficiais que beiram os 70 mil.

O interessante para mim nesse caso é que começava a estudar de novo política, (planos de verão) num belo volume intitulado “Atmosferas da Democracia, Tornando as Coisas Públicas”. O primeiro artigo do livro, de autoria de Bruno Latour, coloca uma questão que, pelas próprias circunstâncias brasileiras, estava sendo colocada por mim: quando é que verdades e provas serão consideradas na políticas, reduzida hoje a uma guerra de versões.

Ele partiu do exemplo de Colin Powell, na ONU, demonstrando, com algumas fotos, que os iraquianos teriam armas de destruição em massa. Foi um momento de mistificação. Mas quantos outros não estão presentes na política?

Esta é apenas uma pergunta, entre muitas. No fundo elas convergem para a questão maior: quando é que atmosfera da política vai ser tornar respirável? Para responder a tudo isto preciso de quase todo o verão para examinar o livro: tem 1066 páginas.

Ao longo do caminho e no final, transmitirei o que aprendi. Se bem que o que vivemos no Brasil, onde se espalha a idéia de que tudo é apenas uma versão, pode ser também muito pedagógico sobre a crise que torna irrespirável a atmosfera política.