Numa semana de farsas políticas em Brasília e vazamento de óleo em Campos, não posso apenas divagar. O post sobre a Chevron vai abaixo.
Mas como hoje é sábado posso contar a história de uma garça que conheço. Ela é minha modelo, mas não há nada de pessoal nisso. Está sempre pronta para todas as câmeras, inclusive a dos celulares.
O único homem que interessa a esta garça é o pescador Severino, que fica na entrada do clube Piraquê. Senta-se no mesmo banco, todos os dias, e tece sua rede.
Severino, assim como o consertador de rádio, é um dos poucos que têm lugar fixo. Embora se dedique às redes, sempre pesca alguma coisa e dá à garça.
Ela se acostumou ao vê-lo chegar voa para o banco e fica ali até ir embora. Inclusive na saída, caminha com ele alguns metros, para se despedir.
Severino andou tendo problemas em casa e passa a maior parte do tempo na Lagoa. Ele tem um método de pescar siris com um saco de plástico e oferece à garça um menu mais amplo do que as savelhas.
Severino andou repreendendo a garça ao descobrir que ela também come pomba rola, o que lhe pareceu uma barbaridade.
A garça as vezes voa quando sente a presença muito próxima das bicicletas ou dos corredores. Mas sempre volta ao mesmo lugar, ao pés de Severino.
Severino sai todos os dias de casa para encontrar a garça e ela deixou sua espécie para viver ao lado dele, pelo menos durante o dia.
Amigos, em tempos dificeis para amizades permanentes, Severino e a garça conseguem sobreviver juntos numa metrópole hostil a garças e pescadores.





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