Está quase tudo pronto para a Copa das Confederações, um grande evento do futebol mundial.
Já temos uma alternativa para as barulhentas vuvuzelas, a caxirola uma invenção de Carlinhos Brown tocada em primeira mão por Dilma Rousseff.
Há algo, no entanto, algo que ainda não está pronto: nosso futebol. A semana foi muita reveladora. Foi a semana da vitória dos alemães sobre os espanhóis, a derrota do Barcelona, que parecia invencível.
Mas foi também a semana de uma apresentação medíocre da seleção brasileira, dominada pela chilena, diante de um Mineirão perplexo.
A popularização dos campeonatos europeus e sobretudo o confronto entre os melhores times da Espanha, Alemanha, Itália e Inglaterra nos dão uma ligeira sensação de que o futebol brasileiro está ultrapassado.
Não temos a capacidade de articulação do Barcelona nem a agressividade do Bayern. Estamos lentos e sem inspiração.
Se as coisas são mesmo assim, como explicar a vitória do Corintians sobre o Chelsea no Japão?
Aquele foi apenas um jogo. O conjunto das partidas que temos visto nos últimos meses, inclusive depois da chegada de Felipão, é desanimador.
Com o lançamento da caxirola lembrei-me da Copa na África do Sul. Eles torceram muito, ensurdeceram o planeta mas saíram mais cedo da competição.
Não sei como os sul africanos reagiram. No caso brasileiro, estamos investindo milhões, construindo estádios superiores ao número de espectadores, como é o caso de Natal e de Brasília.
O que será de toda essa infraestrutura dispendiosa se o Brasil não reinventar seu futebol?
Os estádios já andam vazios. Muito possivelmente teremos que enfiar nossa caxirola no saco.
Em termos numéricos, a seleção brasileira fez 45 passes errados numa só partida.
É muito para quem aspira ser o melhor do mundo. Estamos precisando de uma nova geração de craques, de técnicos e dirigentes.
Não dá tempo para realizar tudo isso até 2014. Resta contar com o talento individual.
O diabo é que assistindo as partidas na Europa não vemos apenas grandes elencos, mas também algumas estrelas em ascensão permanente.
As vaias com que o Mineirão brindou a seleção brasileira são mais incômodas que as vuvuzelas. Mas são também um imenso sinal amarelo para a temporada que se aproxima.
No futebol tudo pode acontecer. Mas quase sempre vencem os melhores. O que era um alerta de um pequeno número de amantes do futebol transformou-se, na semana passada, num clamor popular.
Artigo publicado no jornal Metro em 29/04/2013

