Cheguei a Maceió numa sexta à noite. Faltava luz em alguns pontos da orla. Mas com a lua cheia, foi possível documentar a preparação para uma disputa de bumba meu boi, numa arena construída pela novo prefeito, Rui Palmeira.
Meu objetivo de fim de semana: uma visita à Santana de Ipanema, em pleno sertão. Não havia tempo para filmar. Apenas algumas fotos rápidas ao longo do caminho. Veja o Diário Visual.
Santana de Ipanema é banhada pelo rio Ipanema, reduzido a trechos com pequenas poças d’agua. Voltou a chover no sertão mas os efeitos da seca mais dura dos últimos 80 anos ainda eram visíveis.
No percurso, animais mortos como em algumas estradas do Nordeste. Aqui não são apenas os jumentos, como documentei numa viagem de Natal a Mossoró. Morrem cavalos atropelados e o alguma reses, atingidas pela seca e pela fome.
Viajei para Santana de Ipanema, que tem 49 mil habitantes, porque o prefeito de lá é do PV, Mário Silva, um professor primário que venceu as pesadas estruturas do governo.
Discutimos muito o problema da água, inescapável para quem visita o sertão. Fui visitar um canal do sertão de 160 quilômetros, dos quais apenas 45 foram concluídos.
Sua missão é levar água do São Francisco para o sertão alagoano. Está muito distante do fim, a obra avança lentamente, como quase tudo por aqui.
Aposta-se muito no São Francisco e um pouco menos na construção de poços e cisternas mais próximas do produtor rural, 90 por cento agricultores familiares.
Talvez seja esse o erro, a julgar pelos diagnósticos da Agência Nacional de Águas. Outro problema grave e milenar: a corrupção. Apenas uma parte do dinheiro destinado à luta contra seca chega ao seu destino.
A entrada no sertão mostra claramente que é uma região diferenciada. Mas as modestas chuvas que caíram por aqui já foram suficientes para a volta do verde.
Rodamos mais ou menos 700 quilômetros e encontrei de tudo no caminho. O homem que transporta galinhas na motocicleta, o que vende moveis num carrinho de mão. E lugares como Jacaré dos Homens e Piranhas, lugar onde as candidatas a prefeita e à vice disputaram com o slogan: Piranhas não pode parar.
O canal que visitamos está próximo de uma cidade chamada Delmiro Gouveia. Foi um empresário de grande visão, nome histórico, que trouxe a energia elétrica para o seu lugar.
O contato com Santana do Ipanema, um município de 310 kms2 que depende basicamente do comércio traz grandes desafios sobre como contribuir com uma cidade do sertão.
É a primeira vez que o Partido Verde dirige. Não pode deixar o prefeito e povo do sertão isolado. Tem que colocar todos seus contatos internacionais para cavar parcerias no campo do armazenamento de água, energia solar e sobretudo tentar mostrar nacionalmente o absurdo de certas limitações brasileiras.
Santana do Ipanema, por exemplo, tem uma rede de esgoto construída. No entanto, faltou dinheiro para liga-las às residências. Por enquanto, é inútil.
Com toda as dificuldades e o castigo da seca prolongada, a visita ao sertão de Alagoas foi um belo fim de semana.









