As pessoas saíram às ruas por melhorias no serviço público e contra a corrupção. Dilma respondeu hoje, de novo, com a palavra mágica: plebiscito.
Isso me lembra um episódio com Affonso Romano de Sant’Anna quando vivíamos em Minas. O carro parou e fomos ver o que era. Ele disse: é a biela.
Aquilo nos confortou enormemente. Nos queríamos ver o carro andando mas a palavra nos seduziu e a repetimos várias vezes.
Dilma afirma que as manifestações no Brasil não expressam, como na Europa, descontentamento com o desemprego.
Entre jovens o desemprego é maior, inclusive no Brasil. Houve momento, em 2003, que essa taxa do desemprego juvenil era o dobro da nacional. Atualmente é de 13,4% entre os jovens de 18 a 24 anos e de 23% entre os 15 a 17.
Não quero dizer com isso que isto influenciou as manifestações. Quero dizer apenas que não vivemos no fantástico mundo descrito pelo PT.
As manifestações estão se deslocando para a economia, com caminhoneiros bloqueando estradas e sindicatos prometendo se manifestar no dia 11.
Aliás essa ideia de bloquear estradas é um problema sério para a democracia, além de ser o tipo de manifestação que agrava o que queremos consertar. Bloquear a entrada do Porto dos Santos dá um imenso prejuízo ao pais.
Os dados da economia não parecem animadores. Dois índices revelam isso: o custeio da máquina tem crescido e o investimento caído, as importações crescem, as exportações decaem.
Dilma dá a entender que apenas a vontade de participar levou as pessoas às ruas. De fato, o sistema político é caduco, pode e deve ser reformado.
Mas o plebiscito é o esconderijo que ela encontrou à espera do fim da tempestade.
Para mostrar um intenso trabalho, Dilma reuniu 37 dos 39 ministros. Pelo menos agora vai saber o nome de cada um deles.
Apesar de familiarizado com o noticiário sobre o governo ainda não consegui decorar o nome de todos. Temo que jamais conseguirei. O governo cresceu demais, até para minha memória.

