Passei o fim de semana no Acre. Fiz uma palestra na Universidade Federal. Uma plateia basicamente de universitários e representantes indígenas.
De Rio Branco segui para Xapuri, pela mesma Br317(Rio Branco-Assis Brasil) que cruzei quando fui para Brasileia, na fronteira com a Bolívia.
Na época, fui documentar a chegada dos haitianos que não cessaram de vir para o Acre, nos últimos meses.
A estrada piorou muito. É uma estrada federal mas as crateras no asfalto são um perigo para todos.
No caminho, socorremos uma jovem que vinha carona da moto : o pneu furou ao passar um dos buracos.
Em Xapuri, terra de Chico Mendes visitei uma fábrica de preservativos construída pelo governo estadual e que fornece 100 milhões de camisinhas para o Ministério da Saúde.
A fábrica emprega 170 pessoas, paga aos seringueiros três vezes mais pelo látex e é a única do planeta a fabricar camisinhas com produto de árvores nativas.
Não se sabe ainda se os resultados econômicos vão compensar. A produção vai diretamente para o Ministério da Saúde e representa 20 por cento das compras federais de preservativos.
A estrada abandonada pelo governo federal não é característica apenas do Acre. Vi situações piores em estados do sudeste, como Minas, por exemplo.
Quanto à política, senti no ar acreano uma sensação de fim de ciclo da longa dominação do PT, que já dura duas décadas.
Mas apenas um fim de semana não dá para se chegar a grandes conclusões.
Sempre tive vontade de percorrer mais lentamente a Amazônia, escrevendo e documentando com imagens.
Mas hoje não há mais mercado para esse tipo de reportagens. Contento-me em fazer palestras e nas capitais e fugir para o interior.
Depois de tantos anos, sou jornalista profissional durante a semana e amador aos sábados e domingos.